Cerca de 200 viúvas de policiais militares da Bahia passam fome, sem receber as pensões, desde novembro de 2021. O pagamento está suspenso por determinação do governador Rui Costa (PT), visto pela corporação como “Inimigo Número 01” da Segurança Pública. Com a iniciativa, o chefe do Executivo Estadual quer forçar a Assembléia Legislativa a aprovar o Projeto de Lei 24.510/2022 (PL), que dispõe sobre pensão militar, estabelecendo o fim das pensões vitalícias para viúvas abaixo dos 44 anos e o pagamento escalonado de acordo com a idade da beneficiária.

O Projeto de Lei não é novidade visto que já havia sido aprovado em 2015 pelo governo petista e vigorou até 2019. Neste período, a “bomba” somente não estourou porque o escalonamento só garante o pagamento integral e vitalício às viúvas a partir de 44 anos de idade e, coincidentemente, nenhuma delas tinha idade inferior.

Entretanto, a Reforma da Previdência aprovada pelo Congresso Nacional em 2019 garante pensão vitalícia e integral aos policiais militares em todas as unidades da federação, tornando assim a medida na Bahia inconstitucional e, consequentemente, anulada. Agora o governador Rui Costa tenta aprová-la novamente a todo custo.

O Projeto de Lei está na Assembléia Legislativa para apreciação e votação, mas os deputados vêm literalmente “empurrando com a barriga”, por entenderem que a medida é antipática em ano eleitoral e considerada uma verdadeira “batata quente”.

Para forçar a votação, Rui Costa apelou para a suspensão dos pagamentos dos benefícios das viúvas, determinando que só sejam liberados mediante a aprovação do PL. Diante da medida, a Associação dos Policiais Militares Força Invicta promoveu uma reunião com as viúvas dos militares para discutir a questão.

Os policiais militares estão em situação de alerta. Ameaçam parar as atividades caso o Governo do Estado não libere o pagamento das pensões retidas desde novembro do ano passado e também não retire o projeto de tramitação.

Exemplo claro são policiais que morreram em combate ou adoeceram e suas viúvas e familiares hoje estão em casa sem receber o benefício da pensão, com os filhos passando fome. E, na próxima quarta-feira (27), todas as cerca de 200 viúvas que continuam sem receber as pensões vão à Assembléia Legislativa buscar o apoio de parlamentares para reverter a situação. Mesmo porque o benefício é um direito assegurado por lei já que os militares mensalmente têm em seus soldos os descontos para a previdência para garantir o benefício.

Enquanto isto, o clima nos quarteis em Salvador, desde então, está cada vez mais tenso e no ritmo de “bomba relógio”. Os policiais militares ameaçam cruzar os braços em protesto, ao se questionarem se vale a pena estarem na linha de frente do combate à marginalidade nas ruas em defesa da sociedade e correm risco de deixarem as viúvas desamparadas.

De acordo com as regras para pensão militar, só passa a ser vitalícia para as viúvas que tiverem idade a partir dos 44 anos. Antes disso, é feito um escalonamento, de acordo com a idade, garantindo o benefício por curtos períodos de tempo.

No Artigo 5º, o projeto prevê que o tempo de duração da pensão por morte será calculado de acordo com a idade do beneficiário:

Três anos, quando menor de 21 anos;

Seis anos, quando o beneficiário tiver de 21 a 26 anos;

Dez anos, quando o beneficiário tiver entre 27 a 29 anos;

15 anos, quando o beneficiário tiver entre 30 e 40 anos;

20 anos, quando o beneficiário tiver entre 41 e 43 anos;

 E vitalícia, quando o beneficiário tiver 44 anos de idade ou mais.